sábado, 31 de outubro de 2009
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
António Castanheira
..."Olhem, nem é preciso ir muito longe: o António Castanheira teve um companheiro morto nos braços, mais de quatro horas, no cimo dum buraco escuro com cinquenta e cinco metros de altura. Nem um anunciozinho pequenino... Pois foi no dia 21 de Dezembro, lembro-me bem. Ano?
Deixem ver... 1954".
"O ti' Manel Duarte Vaz e o António Castanheira foram mandados entivar uma chaminé abandonada. Chaminé, sim. É um furo que a gente abre de baixo para cima, um metro e oitenta de comprido por um e vinte de largura. Altura, a que é precisa. Aquela era a D4 poente, tinha sessenta metros, sem saída para a superfície.. Um buraco daqueles, escuro como o diabo, é coisa de respeito. Eram ambos entivadores de 1ª. Eu explico: entivador é o que segura o terreno. Com tábuas e escoras põe um tecto de pedras soltas tão seguro como um salão. Ofício ruim, digo e repito. E quando se trata de chaminés então o caso é sério. Um pequeno descuido e aí vem um homem a esmigalhar-se cá no fundo. Vida dum raio...".
o Romance de António Castanheira, escrito em 1963 por António Paulouro.
Deixem ver... 1954".
"O ti' Manel Duarte Vaz e o António Castanheira foram mandados entivar uma chaminé abandonada. Chaminé, sim. É um furo que a gente abre de baixo para cima, um metro e oitenta de comprido por um e vinte de largura. Altura, a que é precisa. Aquela era a D4 poente, tinha sessenta metros, sem saída para a superfície.. Um buraco daqueles, escuro como o diabo, é coisa de respeito. Eram ambos entivadores de 1ª. Eu explico: entivador é o que segura o terreno. Com tábuas e escoras põe um tecto de pedras soltas tão seguro como um salão. Ofício ruim, digo e repito. E quando se trata de chaminés então o caso é sério. Um pequeno descuido e aí vem um homem a esmigalhar-se cá no fundo. Vida dum raio...".
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Urgente reciclar hábitos e atitudes
"No recanto puro da memória"
"A gente se quiser até com os olhos vê."
Sr. André, Aldeia Velha
Na serra todos os relógios pararam, mas o mecanismo das horas não se deteve. A espiral do tempo arrastou-nos até ao fim do milénio.
Olhemos para trás antes de começar uma nova era.
O Passado
Do passado restam-nos apenas velhos objectos com as suas histórias cruzadas e algumas recordações numa gaveta qualquer. E no entanto, no recanto puro da memória, guardamos saudade a esses tempos que foram difíceis.
Alguém sabe que lembrança guardarão os nossos filhos destes dias desvairados que lhes damos a viver?
A nossa civilização chegou à sua última encruzilhada: agora, ou consumimos o que resta do planeta ou reciclamos quase todos os nossos hábitos e atitudes.
Olhemos de novo para trás, a colher os últimos ensinamentos, antes de nos aventurarmos para lá da curva da estrada.
O passado não é uma história de encantar. Houve miséria, por vezes fome; e aos filhos da Serra sempre coube, nas alturas da crise, o ingrato papel de espelho onde se reflectiam, ampliadas, as agruras e injustiças do Mundo
Mas a vida simples das gentes serranas encerra uma lição de harmonia, sóbria dignidade e utilização comedida dos recursos, que pode ser o ponto de partida para uma reflexão sobre as características mais perversas da nossa própria Sociedade de Consumo.
Reparemos, por exemplo, no modo como todos os utensílios eram remendados, reaproveitados ou reutilizados em novos contextos. Nada se desperdiçava ou deitava fora; não havia tanto lixo nem se acumulavam objectos supérfluos.
A Arte de Remendar
Cada utensílio era um bem raro, feito com suor do rosto ou comprado à custa de grandes sacrifícios; seria por isso normal que durasse uma vida.
Os sarrões, as gamelas e os funis remendados, a louça quebrada e depois reparada com gatos - estes objectos, depois de passarem de mão em mão, falam-nos agora de um tempo em que poupar era tão normal quanto, hoje em dia, gastar e consumir indiscriminadamente.
A Arte de Improvisar
Por vezes havia que improvisar, com grande dose de imaginação, os utensílios que faltavam ou as ferramentas a que a bolsa não chegava - um serrote, uma escumadeira, um fumigador, um funil, etc.
Assim se cumpria, com bastante mais eficiência do que nos dias de hoje, uma das principais leis do universo.
Objectos com Múltiplas Utilizações
A alenterna de ir regar o milho à noite era a mesma com que se aluminavam as casas; na panela de ferro em que se fazia comida do porco, coziam-se depois as farinheiras; o balde de transportar a vianda do animal também servia para tirar a água do poço; no banco onde se matava o bicho, se mandava sentar o padre pela Páscoa; a cesta onde se acartava esterco servia às vezes de berço a um filho recém-nascido; com a sertã de fritar as filhós faziam-se candeias de quatro torcidas, nos lagares; a gaveta da broa era usada como assento na cozinha; um garfo de ferreiro fazia também as vezes de palito e de arpão para as enguias; com uma bilha de carvoeiro se aquecia a cama no Inverno; numa mala de carpinteiro se guardavam os tarecos para emigrar; os gasómetros das minas também aluminavam as casas dos mineiros; no "cesto de romaria" se enviavam encomendas para Lisboa; a gamela da broa era a mesma da migadura para a sopa ou para as galinhas.
O Futuro
Terras de pão que só dão silvas; levadas atulhadas de cascalho; muros derrubados; portas que dão para casas vazias; telhados que caem para dentro; varandas que apodrecem, debruçadas sobre ruas desertas; pinheiros onde antes havia mato para gado; fogos; eucaliptos depois dos fogos; ribeiras secas; erosão - cresceu um enorme deserto nos escombros da nossa memória colectiva e paira sobre ele a recordação de tempos que foram difíceis.
Mas a Serra é um segredo bem guardado pelas suas gentes. O seu coração ainda bate em todos estes objectos e fotografias que balançam em frente aos nossos olhos. Há neles uma lógica que se esconde e revela, um jogo contraditório de sombras e de luzes; há, já não miséria, mas beleza e harmonia à espera do novo século que se aproxima.
Saberemos nós construir os alicerces desses dias futuros sobre as raízes sãs dos dias passados? As próximas gerações comerão o pão que nós amassarmos.
Dr.Paulo Ramalho, "Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor"
"A gente se quiser até com os olhos vê."
Sr. André, Aldeia Velha
Na serra todos os relógios pararam, mas o mecanismo das horas não se deteve. A espiral do tempo arrastou-nos até ao fim do milénio.
Olhemos para trás antes de começar uma nova era.
O Passado
Do passado restam-nos apenas velhos objectos com as suas histórias cruzadas e algumas recordações numa gaveta qualquer. E no entanto, no recanto puro da memória, guardamos saudade a esses tempos que foram difíceis.
Alguém sabe que lembrança guardarão os nossos filhos destes dias desvairados que lhes damos a viver?
A nossa civilização chegou à sua última encruzilhada: agora, ou consumimos o que resta do planeta ou reciclamos quase todos os nossos hábitos e atitudes.
Olhemos de novo para trás, a colher os últimos ensinamentos, antes de nos aventurarmos para lá da curva da estrada.
O passado não é uma história de encantar. Houve miséria, por vezes fome; e aos filhos da Serra sempre coube, nas alturas da crise, o ingrato papel de espelho onde se reflectiam, ampliadas, as agruras e injustiças do Mundo
Mas a vida simples das gentes serranas encerra uma lição de harmonia, sóbria dignidade e utilização comedida dos recursos, que pode ser o ponto de partida para uma reflexão sobre as características mais perversas da nossa própria Sociedade de Consumo.
Reparemos, por exemplo, no modo como todos os utensílios eram remendados, reaproveitados ou reutilizados em novos contextos. Nada se desperdiçava ou deitava fora; não havia tanto lixo nem se acumulavam objectos supérfluos.
A Arte de Remendar
Cada utensílio era um bem raro, feito com suor do rosto ou comprado à custa de grandes sacrifícios; seria por isso normal que durasse uma vida.
Os sarrões, as gamelas e os funis remendados, a louça quebrada e depois reparada com gatos - estes objectos, depois de passarem de mão em mão, falam-nos agora de um tempo em que poupar era tão normal quanto, hoje em dia, gastar e consumir indiscriminadamente.
A Arte de Improvisar
Por vezes havia que improvisar, com grande dose de imaginação, os utensílios que faltavam ou as ferramentas a que a bolsa não chegava - um serrote, uma escumadeira, um fumigador, um funil, etc.
Assim se cumpria, com bastante mais eficiência do que nos dias de hoje, uma das principais leis do universo.
Objectos com Múltiplas Utilizações
A alenterna de ir regar o milho à noite era a mesma com que se aluminavam as casas; na panela de ferro em que se fazia comida do porco, coziam-se depois as farinheiras; o balde de transportar a vianda do animal também servia para tirar a água do poço; no banco onde se matava o bicho, se mandava sentar o padre pela Páscoa; a cesta onde se acartava esterco servia às vezes de berço a um filho recém-nascido; com a sertã de fritar as filhós faziam-se candeias de quatro torcidas, nos lagares; a gaveta da broa era usada como assento na cozinha; um garfo de ferreiro fazia também as vezes de palito e de arpão para as enguias; com uma bilha de carvoeiro se aquecia a cama no Inverno; numa mala de carpinteiro se guardavam os tarecos para emigrar; os gasómetros das minas também aluminavam as casas dos mineiros; no "cesto de romaria" se enviavam encomendas para Lisboa; a gamela da broa era a mesma da migadura para a sopa ou para as galinhas.
O Futuro
Terras de pão que só dão silvas; levadas atulhadas de cascalho; muros derrubados; portas que dão para casas vazias; telhados que caem para dentro; varandas que apodrecem, debruçadas sobre ruas desertas; pinheiros onde antes havia mato para gado; fogos; eucaliptos depois dos fogos; ribeiras secas; erosão - cresceu um enorme deserto nos escombros da nossa memória colectiva e paira sobre ele a recordação de tempos que foram difíceis.
Mas a Serra é um segredo bem guardado pelas suas gentes. O seu coração ainda bate em todos estes objectos e fotografias que balançam em frente aos nossos olhos. Há neles uma lógica que se esconde e revela, um jogo contraditório de sombras e de luzes; há, já não miséria, mas beleza e harmonia à espera do novo século que se aproxima.
Saberemos nós construir os alicerces desses dias futuros sobre as raízes sãs dos dias passados? As próximas gerações comerão o pão que nós amassarmos.
Dr.Paulo Ramalho, "Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor"
domingo, 25 de outubro de 2009
de Janeiro de Cima à Panasqueira (quase) VI
Panasqueira
Foto roubada na Galeria pública de PPLCEBOLA
Escombreira verde-cinza-azul. Barroca GrandeNa estrada da Aldeia de S. Francisco de Assis para a Barroca Grande.
Lavaria, Barroca Grande
Lavaria, Barroca Grande
sábado, 24 de outubro de 2009
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
de Janeiro de Cima à Panasqueira (quase) II
terça-feira, 20 de outubro de 2009
de Janeiro de Cima à Panasqueira (quase)
No Centro de Portugal entre a Universidade de Coimbra, Santa Bárbara e JC.
Existem lugares espantosos, pequenas aldeias, casas de xisto, miradouros naturais, sítios lendários, relíquias até, a grandeza de um povo...Importa ressalvar as populações, as paisagens, o legado histórico. São locais de rara beleza.
de JC à Panasqueira
Barreira dos Carris - Aguilhão - Póvoa - Quinta do Canal - Quinta da Peneda - Quinta do Carregal - Milheiral - Vale de Pereiro - Alqueidão - Dornelas do Zêzere - Maxial - Aldeia S Francisco Assis - Fonte do Maço - Barroca Grande - Cristo Operário - Minas da Panasqueira
de JC à Panasqueira
Barreira dos Carris - Aguilhão - Póvoa - Quinta do Canal - Quinta da Peneda - Quinta do Carregal - Milheiral - Vale de Pereiro - Alqueidão - Dornelas do Zêzere - Maxial - Aldeia S Francisco Assis - Fonte do Maço - Barroca Grande - Cristo Operário - Minas da Panasqueira
Luís Gama da empresa GPS, o pai António Gama da Silva, observam o Açude. Na frente Manuela Gama da Casa de Janeiro e Cândida Monteiro do Jornal RECONQUISTA Castelo Branco
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
JC - Panasqueira (a caminho, quase) V
Como lá chegar
Partindo da cidade do Fundão deve seguir na direcção de Silvares. Depois de passar Silvares a cerca de 2 Km existe uma tabuleta com a indicação de Minas da Panasqueira. A estrada segue, por uma encosta que desce até ao Rio Zêzere. Vai encontrar um primeiro aglomerado de casas, antigas instalações mineiras e uma escombreira. Está a passar pela povoação designa de Rio, onde se encontram as antigas lavarias onde era tratado o minério.
A estrada tem algumas curvas perigosas, até se atravessar a ponte no rio Zêzere. Pare um pouco junto à ponte e desfrute da paisagem. Uma mistura de paisagem natural, o rio e as encostas, e uma paisagem humanizada em que se sobressaem as escombreiras, que provocam algum impacto visual.
Siga a estrada, que segue agora na margem esquerda de uma ribeira afluente do Zêzere. Vai passar pela aldeia de S. Francisco de Assis, até chegar à aldeia da Barroca Grande. É aqui que se localizam os escritórios da Beralt Tin and Wolfram Portugal, a empresa que explora as minas.
Vai certamente querer parar a meio caminho e tirar fotografias à paisagem e a certa altura, às surpreendentes escombreiras que se observam na paisagem.
As escombreiras neste caso não são a melhor hipótese para o coleccionador. Pode solicitar com alguma antecedência uma visita às minas. Normalmente estas aceitam visitas de grupos desde que se justifique a vontade e o interesse na visita e haja disponibilidade por parte da empresa (Tlf: +351 275 659100; Fax: +351 275 659119). Pode igualmente solicitar para ver que minerais há para vender. Existe uma pequena sala em que os mineiros vendem alguns minerais.
Se puder organizar uma visita garantimos que se trata de uma experiência inesquecível, mesmo para quem já desceu a outras minas.
A mina explora um conjunto de filões quartzosos sub-horizontais com mineralização em Volframite, Cassiterite e Calcopirite. Estes minerais são tratados para fazer concentrados de tungsténio, estanho e cobre respectivamente.
Muitas vezes existem cavidades nos filões, que na gíria local são designados por “rotos” onde os cristais cresceram em espaço aberto. É nestas cavidades que os cristais se desenvolveram em formas perfeitas. Podem ser encontrados belos exemplares de quartzo, volframite, calcite, siderite, apatite, entre outros.
Um pouco de História
A história da mina da Panasqueira remonta aos finais do século XIX.
A partir de 1910 as Minas da Panasqueira foram exploradas pela empresa Wolfram Mining & Smelting Co. Ltd. Esta exploração durou até 1928, data em que foi criada Beralt Tin & Wolfram Limited que explorou as minas até 1973 em que com a incorporação de capitais nacionais passou a designar-se por Beralt Tin & Wolfram Portugal, S.A.
Pode-se considerar que o apogeu das minas foi durante a segunda guerra mundial, em que a procura do Volfrâmio era grande devido à sua utilidade como endurecedor de ligas metálicas para a construção de armas. Dai para cá a sua importância tem vindo a diminuir, porém, mais recentemente com a crise do urânio empobrecido, que estava a substituir o volfrâmio as minas ganharam novo alento.
Mas a utilidade do volfrâmio não se resume à indústria de armamento. Uma das suas utilizações mais nobres é na indústria eléctrica. Os filamentos das lâmpadas que nos iluminam são de volfrâmio.
A história da exploração de estanho nesta região é bastante mais antiga. Conhecido desde pelo menos a idade do Bronze este elemento químico que é extraído da Cassiterite é utilizada em conjugação com o cobre para formar o bronze, que é uma liga de cobre e estanho. A Península Ibérica a par da Cornualha, no Sul de Inglaterra eram os principais fornecedores deste elemento na antiguidade.
A Panasqueira a par de Neves-Corvo são actualmente as duas principais produtoras de concentrados de Cassiterite em Portugal.
Os métodos de exploração
A mineralização encontra-se em filões de quartzo sub-horizontais. Estes encontram-se encaixados nos xistos do Grupo das Beiras. Trata-se de um “enxame” de filões que se apresentam na periferia de um granito não aflorante (isto é, que não se pode observar à superfície).
A exploração actualmente é feita através do método de câmaras e pilares.
Primeiro é traçada uma rampa de acesso ao nível ou sub-nível que vai ser explorado. Depois são efectuados travessas num quadriculado de 11 por 11 metros. Cada travessa tem 5 metros de largura por 2 de altura. Nesta primeira fase ficam pilares de 11 por 11 metros. Depois caso os teores do minério sejam adequados, cada pilar destes é cortado por uma nova travessa de 5 por 2. Restando no final pilares de 3 por 3 metros.
O minério é carregado por pás carregadoras até poços de descarga que servem também de silos. Estes poços têm a sua saída num piso de rolagem, onde vagonetas levam o minério até a um poço que através de um elevador leva o minério para o piso onde existe uma câmara de fragmentação. Desta câmara o minério segue por uma rampa até à superfície, onde é tratado na lavaria (local onde os minérios são concentrados).
http://cebola.net/
Partindo da cidade do Fundão deve seguir na direcção de Silvares. Depois de passar Silvares a cerca de 2 Km existe uma tabuleta com a indicação de Minas da Panasqueira. A estrada segue, por uma encosta que desce até ao Rio Zêzere. Vai encontrar um primeiro aglomerado de casas, antigas instalações mineiras e uma escombreira. Está a passar pela povoação designa de Rio, onde se encontram as antigas lavarias onde era tratado o minério.
A estrada tem algumas curvas perigosas, até se atravessar a ponte no rio Zêzere. Pare um pouco junto à ponte e desfrute da paisagem. Uma mistura de paisagem natural, o rio e as encostas, e uma paisagem humanizada em que se sobressaem as escombreiras, que provocam algum impacto visual.
Siga a estrada, que segue agora na margem esquerda de uma ribeira afluente do Zêzere. Vai passar pela aldeia de S. Francisco de Assis, até chegar à aldeia da Barroca Grande. É aqui que se localizam os escritórios da Beralt Tin and Wolfram Portugal, a empresa que explora as minas.
Vai certamente querer parar a meio caminho e tirar fotografias à paisagem e a certa altura, às surpreendentes escombreiras que se observam na paisagem.
O que observar
As escombreiras neste caso não são a melhor hipótese para o coleccionador. Pode solicitar com alguma antecedência uma visita às minas. Normalmente estas aceitam visitas de grupos desde que se justifique a vontade e o interesse na visita e haja disponibilidade por parte da empresa (Tlf: +351 275 659100; Fax: +351 275 659119). Pode igualmente solicitar para ver que minerais há para vender. Existe uma pequena sala em que os mineiros vendem alguns minerais.
Se puder organizar uma visita garantimos que se trata de uma experiência inesquecível, mesmo para quem já desceu a outras minas.
A mina explora um conjunto de filões quartzosos sub-horizontais com mineralização em Volframite, Cassiterite e Calcopirite. Estes minerais são tratados para fazer concentrados de tungsténio, estanho e cobre respectivamente.
Muitas vezes existem cavidades nos filões, que na gíria local são designados por “rotos” onde os cristais cresceram em espaço aberto. É nestas cavidades que os cristais se desenvolveram em formas perfeitas. Podem ser encontrados belos exemplares de quartzo, volframite, calcite, siderite, apatite, entre outros.
Um pouco de História
A história da mina da Panasqueira remonta aos finais do século XIX.
A partir de 1910 as Minas da Panasqueira foram exploradas pela empresa Wolfram Mining & Smelting Co. Ltd. Esta exploração durou até 1928, data em que foi criada Beralt Tin & Wolfram Limited que explorou as minas até 1973 em que com a incorporação de capitais nacionais passou a designar-se por Beralt Tin & Wolfram Portugal, S.A.
Pode-se considerar que o apogeu das minas foi durante a segunda guerra mundial, em que a procura do Volfrâmio era grande devido à sua utilidade como endurecedor de ligas metálicas para a construção de armas. Dai para cá a sua importância tem vindo a diminuir, porém, mais recentemente com a crise do urânio empobrecido, que estava a substituir o volfrâmio as minas ganharam novo alento.
Mas a utilidade do volfrâmio não se resume à indústria de armamento. Uma das suas utilizações mais nobres é na indústria eléctrica. Os filamentos das lâmpadas que nos iluminam são de volfrâmio.
A história da exploração de estanho nesta região é bastante mais antiga. Conhecido desde pelo menos a idade do Bronze este elemento químico que é extraído da Cassiterite é utilizada em conjugação com o cobre para formar o bronze, que é uma liga de cobre e estanho. A Península Ibérica a par da Cornualha, no Sul de Inglaterra eram os principais fornecedores deste elemento na antiguidade.
A Panasqueira a par de Neves-Corvo são actualmente as duas principais produtoras de concentrados de Cassiterite em Portugal.
Os métodos de exploração
A mineralização encontra-se em filões de quartzo sub-horizontais. Estes encontram-se encaixados nos xistos do Grupo das Beiras. Trata-se de um “enxame” de filões que se apresentam na periferia de um granito não aflorante (isto é, que não se pode observar à superfície).
A exploração actualmente é feita através do método de câmaras e pilares.
Primeiro é traçada uma rampa de acesso ao nível ou sub-nível que vai ser explorado. Depois são efectuados travessas num quadriculado de 11 por 11 metros. Cada travessa tem 5 metros de largura por 2 de altura. Nesta primeira fase ficam pilares de 11 por 11 metros. Depois caso os teores do minério sejam adequados, cada pilar destes é cortado por uma nova travessa de 5 por 2. Restando no final pilares de 3 por 3 metros.
O minério é carregado por pás carregadoras até poços de descarga que servem também de silos. Estes poços têm a sua saída num piso de rolagem, onde vagonetas levam o minério até a um poço que através de um elevador leva o minério para o piso onde existe uma câmara de fragmentação. Desta câmara o minério segue por uma rampa até à superfície, onde é tratado na lavaria (local onde os minérios são concentrados).
http://cebola.net/
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