sexta-feira, 31 de julho de 2009

de Janeiro de Cima ao Ceiroquinho 2008. Em Fajão

A Capela da Senhora da Guia - Fajão, data de 1968. A capela anterior era do século XIX, mas ruiu. A nova capela foi construída um pouco mais acima da antiga.
Aldeias Históricas de Portugal,vol.8 pp152.

Vê-se lá ao fundo a estrada que liga a Ponte de Fajão às Gralhas e ao Alto da Castanheira 1071 mtr

Festa de Nossa Senhora da Guia - Fajão

Chaminé da antiga padaria.
A Serra do Vale Grande e a povoação do Ribeiro.
Casa do Senhor Augusto das Neves.
Por baixo funcionou outrora uma padaria.

"Fajão recebe-nos com a hospitalidade das suas gentes e com a beleza surpreendente das suas casas. Cada uma tem uma história feita de pequenos pormenores e de configurações inovadoras que respeitam e elogiam as linhas tradicionais. É preciso andar devagar e apreciar o namoro entre o xisto e as madeiras de portas e janelas, ou reparar como a cor das paredes parece iluminar todas as ruas por dentro, e que todas elas nos guiam para a luz dos espaços mais amplos. No exterior destacam-se os telhados em lousa e as carpintarias de linhas sóbrias. As janelas de vidro inteiro e duplo, com portadas interiores, conferem leveza a toda a estrutura dos edifícios. As portas, encimadas por padieiras em madeira, apresentam em alguns casos um tradicional postigo de vidro. Aqui e ali, algumas paredes rebocadas e pintadas de amarelo-torrado alegram a vila com um colorido pontual. Aprecie as aldrabas, os postigos e cercas, as cimalhas e as paredes curvas, as fontes ou as varandas."

Na terra dos "Contos de Fajão"
Casario em Fajão.
Candeeiro e Chafariz na Estrada de Nossa Senhora da Guia. A Escola, O lavadouro e o Lombo do Sobrado.
Centro Cultural.
"A Prisão". Praça Dr. José Maria Cardoso (Regionalista Fajaense)
A Casa da Moita

A Casa da da Moita situa-se em Fajão, uma antiga aldeia do concelho de Pampilhosa da Serra, encaixada numa pitoresca concha da Serra do Açor, alcandorada sobre o rio Ceira, perto da sua nascente, entre altos e gigantescos penedos de quartzito, cuja configuração faz lembrar antigos castelos naturais.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Na terra dos "Contos de Fajão"

A paróquia de Fajão, de invocação de Nossa Senhora da Assunção, pertenceu sempre ao Bispado de Coimbra.

A igreja paroquial de Fajão, cuja construção teve o seu início em 2–6-1788, foi edificada no adro do templo anterior. A capela mor foi benzida em 1-1-1789 pelo padre José de Almeida, por provisão do Bispo Conde D. Francisco de Lemos.

"A igreja fica encostada ao monte, tendo sido levantada a torre em frente. O titular é Nossa Senhora da Assunção. Porta de verga curva com cimalha ondulada. Tanto o retábulo principal como os colaterais são de madeira entalhada, do tipo final setecentista, aparatosos e regulares.

No altar-mor vê-se um S. teotónio de madeira, do séc. XVII, indício provável da influência agiográfica do senhorio. No colateral da direita encontram-se duas imagens de pedra, da senhora do rosário e de S. simão, da Segunda metade do séc. XVI".

Também já existia, em 1698, a Capela de S. Salvador; a capela de Nossa Senhora da Guia deve ter sido construída em 1860; a capela do Senhor dos Milagres, da Mata teve licença para a benção passada em 24-7-1878; a capela de Nossa Senhora da Graça, de Cavaleiros de Baixo foi edificada em 1728.

Nos princípios do século XVII, o cura da Igreja de Fajão era apresentado pelo Prior do Mosteiro de Folques e, em 1667, o seu pároco tinha 30 mil réis de renda anual.

Em 1730, António Carvalho da Costa atribui 204 habitantes a Fajão e informa que aquela terra era abundante em linho e no seu concelho havia dois juizes ordinários, dois vereadores, um procurador um escrivão da Câmara, um juiz dos órfãos com respectivo escrivão, um tabelião, um alcaide e uma companhia de ordenanças.




A Igreja Matriz de Fajão
localiza-se à entrada da vila e foi construída em 1788. A torre sineira está separada da igreja. No seu interior existem dois altares do século XVIII e o altor-mor do século XVII.

O cura que elaborou o relatório referente à freguesia de Fajão, em 1758, afirma que "Fajão é he villa,cabeça de concelho, comarca da cidade da Guarda e Bispado da cidade de Coimbra. Tem Camera e juiz ordinario que confirma o Doutor Corregedor da cidade da Guarda. São senhores da ditta villa o reverendissimo padre reytor e mais conegos regulares da congregaçaõ reformada de santo agostinho do Colegio Novo do Real Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, como também os ligares dos Cavaleiros, Ceiroquinho, Ceiroco e Covanca eos mais lugares da ditta freguezia são dos termos de outras vilas como o lugar das Bouças que he do termo da villa de Goes; Porto da Balsa, castanheira, Ponte de Fajão, de Vila Cova".

Informa ainda o cura que "a villa tem 35 vizinhos; Sobrais,3; Cavaleiros de Cima,6; cavaleiros de Baixo,6; Bouças, 9; Ceiroquinho, 8; Ceiroco,7; Covanca,3; Camba,2; Porto da Balsa, 2; Castanheira,3; Vale do Parddeyro,2; e todos os vizinhos da freguezia são 99 e numro das almas são 342"

As Memórias paroquiais revelam ainda que o orago da igreja, tal como hoje, era Nossa Senhora da Assunção. Tinha 3 altares, albergando o altar mor a padroeira e S. Teotónio, um dos colaterais é dedicado a Nossa Senhora do Rosário e a S. António; o outro dedicado a S. Simão, S. Caetano e S. Sebastião. A vila tinha duas irmandades, uma de Nossa Senhora da Assunção e outra do Santíssimo Sacramento. O pároco era cura de apresentação do Colégio da Sapiência de Santa Cruz de Coimbra e auferia cerca de 20 mil réis de renda por ano. Existiam as seguintes ermidas: da transfiguração do Senhor, em Cavaleiros de Cima; S. Domingos e Nossa Senhora das Graças (particular), em Cavaleiros de Baixo; S. António, em Bouças, Ceiroco e Ceiroquinho; Nossa Senhora da Paz, na Ponte; S. Aragão, em Castanheira; N. Senhora da Natividade, no Porto da Balsa; S. Amaro, na Covanca.

Pelo mesmo inquérito sabe-se que os frutos da terra em maior abundância eram a castanha, pão, algum milho e mel.

Património Pampilhosense

Pampilhosa da Serra em Imagens

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Na terra dos "Contos de Fajão"

Na aldeia existe o Museu Monsenhor Nunes Pereira instalado numa casa antiga recuperada. O edifício foi, segundo os locais, o cartório. O museu expõe obras de pintura e gravura do artista a quem este museu é dedicado.

"Augusto Nunes Pereira nasceu a 3 de Dezembro de 1906, na Mata de Fajão, concelho de Pampilhosa da Serra. Filho de António Nunes Pereira e de Ana Gomes. Seu Pai, escultor santeiro, faleceu quando Augusto tinha, apenas, 9 anos. Foi o segundo de quatro filhos, cresceu e viveu a infância e a adolescência em contacto directo com a vida dura e agreste, mas sã e pura, das gentes da serra.

Entre 1919-1929 esteve no Seminário Maior de Coimbra. Nestes anos se forjou o padre, o artista, o jornalista e o estudioso que nunca mais deixaria de ser. Ordenado a 28 de Julho de 1929, exerceu o sacerdócio na paróquia de Montemor-o-Velho, onde permaneceu até 1935.

Em Coja (1935-1952), revelou-se a riqueza da personalidade de Nunes Pereira, estendendo-se a sua acção aos mais diversos domínios. A sua sensibilidade como artista e talento de artífice foram amplamente colocados ao serviço da Igreja como provam os altares, confessionários, pinturas a óleo da Igreja Matriz e frescos da sua autoria.

Nunes Pereira foi nomeado pároco de S. Bartolomeu (Coimbra) a 13 de Janeiro de 1952 e aí se manteve até se aposentar, em 1980. Colaborou no estudo de monumentos, na valorização do património arqueológico da Igreja de São Bartolomeu, no inventário cultural de Arte Sacra da diocese de Coimbra, e investigou sobre os túmulos e o púlpito de Santa Cruz.

De 1952 a 1974 foi chefe de redacção do "Correio de Coimbra", tendo realizado "muitas dezenas" de gravuras para este jornal.

Conciliou, sempre, o exercício do seu múnus pastoral com um crescente interesse pelo cultivo das artes, desde a poesia à escultura, passando pelo desenho, pela aguarela, pelo vitral e sobretudo pela xilogravura, especialidade que fez dele o melhor artista português da segunda metade do séc. XX naquela área.

Foi um dos fundadores do Movimento Artístico de Coimbra. Foi Sócio fundador da Sociedade Cooperativa de Gravadores de Portugal e sócio da Sociedade Nacional de Belas Artes. Deu um importante impulso ao coleccionismo popular e religioso.

Uma das obras mais notórias do seu talento foi a criação da Oficina-Museu do Seminário Maior de Coimbra, onde se encontra grande parte da sua obra artística, nomeadamente a colecção completa das gravuras em madeira dos Contos de Fajão.

Realizou várias exposições no país e no estrangeiro, e relacionou-se com vários mestres. Este seu contacto com outros artistas e a exposição frequente das suas obras fizeram-no sair do anonimato, tornando-se a sua arte conhecida e admirada não só na cidade mas por todo o país e, mesmo, além fronteiras.

Em 1977, em reconhecimento do valor da sua obra, abre ao público, em Fajão, um museu que lhe é dedicado. Em 1986, a Câmara Municipal de Coimbra atribuiu-lhe a medalha de Ouro da Cidade.

O génio e a arte aliaram-se no grande homem, padre e artista que foi Augusto Nunes Pereira, para produzirem abundantes e saborosos frutos e para deliciarem os interessados e apaixonados pela beleza e pela arte."

Faleceu a 1 de Junho de 2001, com 94 anos.

Monsenhor Nunes Pereira: o Homem, o Artista e o Padre


terça-feira, 28 de julho de 2009

de JC ao Ceiroquinho 2008

Fajão foi vila e sede de concelho até 1855.

No entanto, é uma pequena povoação de difícil acesso, cujo principal encanto reside na permanência de um cariz primitivo de grande interesse e na paisagem que proporciona a quem dela se aproxima.
Rodeada de cabeços nus e de alguns penhascos, torna-se difícil distinguir as serras propriamente ditas de entre uma grande confusão de colinas, lombas, barrancos, cabeços e valeiros, numa estranha sucessão de curvas suaves e graciosas, desérticas até onde a vista alcança.
Fajão fica situada próxima da nascente do rio Ceira...
A antiga Ermida de Nossa Senhora da Guia também foi demolida e, embora a actual seja de uma arquitectura que se adapta ao meio local, o seu modernismo é quase chocante.
À Descoberta de Portugal, vol 1, pp249

"quadros" duma beleza rude

À medida que avançamos, vai a estrada dominando um horizonte sucessivamente mais vasto.
Os "quadros" são ao mesmo tempo duma frescura e duma beleza rude, por entre grandes horizontes, ora à esquerda, ora à direita, para cima e para baixo.
Toda a travessia da serra permite apreciar a beleza da paisagem: barrancos profundos, estreitos vales, a massa da serra, as ravinas abruptas, enormes precipícios, o casario, a impressão da beleza dramática deste ou daquele ponto.
À medida que avançamos...
Barragem de Santa Luzia do sítio de Santa Bárbara, Vidual de Baixo.
O paredão de cimento e a escada do colosso de pedra. Entretanto, a albufeira, a massa de água do outro lado do dique. Cá para baixo Vale Grande impressiona da mesma maneira.
No caminho de terra batida para o Souto do Brejo.
Do lado esquerdo a Central Eléctrica do Esteiro.
Os meandros do Zêzere para lá do Esteirinho, Chães depois Esteiro. Vê-se a estrutura metálica tubular que transporta a água da Albufeira da Barragem de Santa Luzia para a Central Eléctrica do Esteiro.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A primeira barcada já lá vai!

O meu padrinho e a minha tia Maria dos Anjos no Largo da Igreja de Fajão. Foto de Carla Gama.
A minha mãe no Largo da Fonte em Ceiroquinho.
Amândio, (sobrinho do meu pai) de frente para a Fonte.
O meu "tio" Amândio, a minha mãe e mulheres de Ceiroquinho. Ao fundo de costas Luís Gama e a filha.
O Largo da Fonte recebeu os participantes do percurso de JC ao Ceiroquinho.
No pequeno Jardim de Ceiroquinho a tia Lurdes, João, Luís Gama, Manuela Margalha e Carlos Gama.

As Turbinas 35-36, 37 e 38
A Turbida 37
A "rua" por entre pinhais e matas, (antes dos incêndios), mato rasteiro, arbustos e pedras de xisto (depois dos incêndios) - Aceiro.
Na atalhada. Corte feito no mato em volta das propriedades, para evitar que um incêndio se propague - Aceiro.
Miguel da empresa GPS "apanhado" ao telemóvel, voltado para a Serra dos Batoucos. Ao fundo o cruzamento do Vidual, Malhada do Rei, Unhais-o-Velho, Meãs...No sentido da estrada a caminho do Sangronheiro.
O rio Zêzere na manhã ainda a dormir de 31 de Maio da margem esquerda do Porta Carvalha.
A barqueira Tia Isaura que nos guiou na sua barca para o outro lado do rio.
A primeira barcada já lá vai!

Nesse distante mês de Janeiro do ano de 1932

Janeiro de Cima. Os dias, semanas e meses eram do ano de 1965.

Em frente da casa da avó da Eira. Uma fotografia. A marca do tempo.

O meu avô José Fernandes, o primeiro a contar do lado direito.
A minha querida avó da Eira, Maria de Jesus - a segunda a contar da esquerda na fila de trás.

Tias, tios, primas e primos.
A minha madrinha Rosa Fernandes.

A sombra no chão da enorme figueira, que marcou o tempo de cada um.
Tive o privilégio de ali ter estado algumas vezes com a minha avó, bondosa senhora de postura terna, amável e acolhedora.


Nunca se tinha visto na aldeia uma coisa assim. A saída de uma família inteira para outra aldeia de outro Concelho.

O tio César resolveu vender tudo, casa, terras, oliveiras e castanheiros e abalou com a sua mulher a tia Maria Trindade, sua filha Maria de Jesus e seu genro José Fernandes e cinco netos todos ainda menores para uma terra estranha, Janeiro de Cima do concelho do Fundão.

No largo da Eira estava toda a povoação a despedir-se dos vizinhos que partiam. Nestes momentos, há sempre algumas lágrimas, gente que chora com saudades dos que partem, e os que partem com saudades dos que ficam. Um carro de bois estava carregado com os poucos tarecos, roupas e alguns proventos para fazer face aos primeiros meses da numerosa família de nove pessoas.
Então o tio César Joaquim, homem firme nas suas decisões vendo que a despedida se estava a tomar difícil e penosa com choros e lágrimas, disse para o homem do carro de bois que alugara e onde já estavam sentados os seus jovens netos:
- Homem, toque lá os bois que nós não vamos para nenhum enterro, vamos para uma terra mais produtiva e melhor de cultivar que esta...

E lá partiram, deixando e levando muitas saudades da sua terra natal. Esta partida foi nesse distante mês de Janeiro do ano de 1932 e ainda hoje é recordada com saudade por aqueles que a viveram.

Em Janeiro de Cima o tio César e família instalaram-se na grande casa da Eira, numa suave colina donde se vê toda a povoação. Era um sítio e privilegiado. Ali ao lado, a capela da Senhora do Livramento cuja grandiosa romaria é sempre no terceiro Domingo de Agosto. Lá mais no alto no cabeço arredondado existe outra ermida, a de S.Sebastião.

A povoação de Janeiro de Cima era bastante populosa a espraiar-se numa extensa planície rodeada de frondosas e bem cultivadas oliveiras, belas hortas onde o milho, o feijão, a batata e a couve enchiam a vista. Para lado Sul, corriam as águas do rio Zêzere, no Inverno mais furioso e cachoeiro e no verão mais lento, fazendo rolar as azenhas e as rodas de tirar água. Estas rodas são engenhos com púcaros cuja água segue por uma levada até á represa. Esta depois de cheia serve para regar os verdes milharais dos férteis oldeiros.


A laboriosa família tinha de trabalhar, cultivar as terras que comprara, tinha que se integrar no ambiente de uma terra estranha, de gente pouco comunicativa, pouco aberta, como era a gente do rio. Tinha de executar e aprender novas técnicas de cultivo, porque “cada terra com seu uso cada roca com seu fuso”. Tinha de enfrentar um clima bastante mais quente, porque aqui já se faz sentir o bafo escaldante da Cova da Beira.
Tiveram que refazer uma casa agrícola, podar videiras, limpar oliveiras, reparar levadas e paredões dos lodeiros, comprar cabras e ovelhas, porcos e galinhas, para fazer o estrume, montar no Verão as rodas no rio, lavrar as terras, enfim fazer todas as tarefas que são necessárias na agricultura.

Mas para o tio César Joaquim e sua família, o trabalho não lhes metia medo. O tio César era homem corajoso, já tinha ido durante mais de trinta anos com seu pai e irmãos para a região de Badajoz para a ceifa. Era obra!.

Quantos trabalhos e privações não passaram estes pobres homens nestas distantes deslocações feitas quase sempre a pé, longe da sua terra e da sua família? O trabalho não assustava o tio César Joaquim, habituado sempre ao trabalho duro de Sol a Sol, por isso, atirou-se com unhas e dentes às tarefas agrícolas para que nada faltasse à numerosa família, e em poucos meses, pelo São Miguel a sua mesa já era farta. Não faltava pão com abundância, o feijão, a batata, o queijo a fruta e outros mimos.

Em poucos meses, a família da casa da Eira era vista com respeito e com alguma admiração pelo seu trabalho, pelo trato afável, pela sua alegria de viver, pela sua caridade em dar aos pobres que lhe batiam à porta, e eram muitos. A povoação estava sempre ciosa a bisbilhotar o trabalho e o viver da gente da Eira que chegou de outra terra que não conheciam nem tinham ouvido falar.

O tio César, o velho timoneiro - da família, firme no seu posto, não tinha um momento de descanso, sempre a trabalhar sempre na lida para que nada faltasse à família. Os netos e as netas lá iam trabalhando também, e os mais novos, frequentavam escola local, e iam dando boa conta de si perante a alegria do avô César e dos pais José Fernandes e Maria de Jesus. A tia Trindade na lida da casa era a personificação da bondade e de uma verdadeira santa do lar.

À noite, depois de um dia de trabalho árduo, a reza era ponto de honra. Todos mesmo cheios de sono rezavam e davam graças ao Senhor. Ali mesmo ao lado a Senhora do Livramento escutava todas as noites atentamente o que aqueles filhos lhe pediam em fervorosas orações, e não deixava certamente de lhe dar a sua bênção protectora.
Eram santos a rezarem a outros santos bem abençoados os puros do coração que sabem ser gratos a Deus. Eles entrarão triunfantes no reino de Deus.
O tio César, bastante cedo foi chamado para o reino dos justos, com grande pesar e consternação de toda a numerosa família.

Agora quem ia tomar o leme embarcação era o seu genro José Fernandes pai de oito filhos, homem também trabalhador, de fino trato, inteligente, culto, estudioso e de larga visão das coisas e situações.
José Fernandes, devido à sua honestidade e bondade soube conquistar amigos e integrar-se perfeitamente nos problemas da freguesia e nas suas instituições, chegou mesmo a ser durante vários anos presidente da Junta da Freguesia e também alguns anos mordomo das festas religiosas que se celebravam na freguesia.

A sua esposa, Maria de Jesus, foi uma verdadeira santa, uma luz que brilhou sempre na Eira. Nenhum pobre, e eram muitos que ali iam pedir esmola, ficam sem uma dádiva, uma palavra de conforto, um sorriso, uma esperança...
Maria de Jesus, foi também a personificação de uma verdadeira esposa e mãe. Conservou sempre uma postura terna, amável e acolhedora até ao fim da vida, e nunca esqueceu as virtudes que levou da sua aldeia de Ceiroquinho escondida entre serranias. Carinhosa, conciliadora, alegre, conselheira, piedosa...
O seu coração era um mar bonançoso.

A família Ceiroquinhense composta por nove pessoas que um dia chegaram a Janeiro de Cima multiplicou-se, hoje, já na terceira ou quarta geração, com algumas dezenas de pessoas, filhos, netos, bisnetos e trinetos tem trabalhado honradamente para o engrandecimento dessa terra airosa, que é Janeiro de Cima, honrando também os seus progenitores César Joaquim e a tia Preciosa Pereira Maria Trindade e José Fernandes e Maria de Jesus que já partiram para o Céu.

Contos - António Jesus Fernandes

domingo, 26 de julho de 2009

Ceiroquinho

Numa zona de relevo rigoroso, a presença de linhas de água dita o povoamento, condição essencial à prática da agricultura, modo de subsistência numa região em que os recursos são mínimos.
A aldeia de Ceiroquinho ocupa um vale integrado na extensa cadeia montanhosa da serra do Açor.
Verdete

Ceiroquinho (magusto)

Na sequência do que tem sido feito nos anos anteriores, realiza-se no próximo dia 01 de Novembro (realizou-se) o tradicional magusto em Ceiroquinho. A Direcção da Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho gostaria, que mais uma vez os Ceiroquinhenses comparecessem em grande número. Na reunião realizada no passado dia 17 de Outubro, na Parede, a Direcção aproveitou para encerrar as contas da festa de Agosto, que deu um saldo de 3247,37 Euros, acumulado de: Leilão 1370 Euros; Quermesse 409,50 Euros; aluguer da casa de convívio 40 Euros e lucro do bar 1427,87 Euros. A Direcção vem por este meio agradecer a todos os que colaboraram mais uma vez, na realização deste invento. Realizar uma festa e poder contar com a oferta de carne de porco, saladas, batatas, azeite, cervejas, etc. para nós é um grande orgulho, por fim gostaríamos de agradecer ao grupo de jovens que organizaram a quermesse, talvez com uma média de idades a rondar os 15 anos, que nos entregaram a quantia de 409,50 Euros.
A direcção tem de agradecer e em simultâneo fazer um alerta para um problema que existe nesta colectividade. Agradecer ao grupo de sócios, do costume, que nos recebem a quotização anual, receita muito importante para a colectividade. O problema coloca-se quando estes mesmos sócios nos deixarem de as receber, estando criado o hábito dos sócios estarem á espera que as vão receber em vez de irem á procura de as pagar, perguntamos nós como vamos receber a maioria das quotas?
Na reunião foram tratados outros assuntos de interesse para a colectividade, como sejam a organização com todas as peças doadas para que o museu, possa finalmente abrir as suas portas, da aquisição de material informático que tanta falta faz para a realização das festas na aldeia, que até hoje tem se realizado com material emprestado por elementos da direcção e amigos e por fim falou-se do jardim da fonte, para nós mais um problema real da aldeia está a ficar degradado e ainda hoje é um dos ex-líbris de Ceiroquinho.
Serras Online

Covo, Lomba de Ceiroco, Aceiro, Ceiroquinho



A Zona de Ceiroquinho

de Janeiro de Cima ao Ceiroquinho 2008

Aceiro. O terrível Aceiro! - Mapa Cadastral

"É uma descida violenta que termina num pequeno largo muito inclinado e pedregoso até chegar ao Cruzeiro, caminhando sobre uma parede de xisto meio escondida na vegetação, por entre pinheiros caídos dos incêndios e mato rasteiro."


de Janeiro de Cima ao Ceiroquinho 2008 - Mapa Cadastral

sábado, 25 de julho de 2009

de JC ao Ceiroquinho 2008

As casas, os meus avós, o Largo da Fonte, a Capela, uma escola em Ceiroquinho.

As casas de Ceiroquinho, do Cruzeiro, no passado dia 31 de Maio de 2008. A Foz do Recadem e o Recadem do lado direito entre duas vertentes.

Da sua aldeia de Ceiroquinho escondida entre serranias partiram um dia os meus avós José Fernandes e Maria de Jesus para JC


Em Janeiro de Cima o tio César e família instalaram-se na grande casa da Eira, numa suave colina donde se vê toda a povoação. Era um sítio e privilegiado. Ali ao lado, a capela da Senhora do Livramento cuja grandiosa romaria é sempre no terceiro Domingo de Agosto. Lá mais no alto no cabeço arredondado existe outra ermida, a de S.Sebastião. (...)À noite, depois de um dia de trabalho árduo, a reza era ponto de honra. Todos mesmo cheios de sono rezavam e davam graças ao Senhor. Ali mesmo ao lado a Senhora do Livramento escutava todas as noites atentamente o que aqueles filhos lhe pediam em fervorosas orações, e não deixava certamente de lhe dar a sua bênção protectora.(...) O tio César, bastante cedo foi chamado para o reino dos justos, com grande pesar e consternação de toda a numerosa família. Agora quem ia tomar o leme embarcação era o seu genro José Fernandes pai de oito filhos, homem também trabalhador, de fino trato, inteligente, culto, estudioso e de larga visão das coisas e situações. José Fernandes, devido à sua honestidade e bondade soube conquistar amigos e integrar-se perfeitamente nos problemas da freguesia e nas suas instituições, chegou mesmo a ser durante vários anos presidente da Junta da Freguesia e também alguns anos mordomo das festas religiosas que se celebravam na freguesia. A sua esposa, Maria de Jesus, foi uma verdadeira santa, uma luz que brilhou sempre na Eira. Nenhum pobre, e eram muitos que ali iam pedir esmola, ficam sem uma dádiva, uma palavra de conforto, um sorriso, uma esperança... Maria de Jesus, foi também a personificação de uma verdadeira esposa e mãe. Conservou sempre uma postura terna, amável e acolhedora até ao fim da vida, e nunca esqueceu as virtudes que levou da sua aldeia de Ceiroquinho escondida entre serranias.(...)
Contos - António Jesus Fernandes


O Largo da Fonte, a Capela, a Escola, do caminho da Piscina após o Cruzeiro.

Ceiroquinho, aldeia comunitária, plantada num profundo vale, agasalhada por altos montes que a rodeiam, é uma aldeia presépio a espreguiçar-se pela encosta acima virada ao sul, recebendo a luz e o calor do sol acariciador.

António Jesus Fernandes

A Capela de Ceiroquinho ao centro, Brejeiras ao fundo pela esquerda e na parte superior a CMCeiroquinho, o recinto da festa de Agosto (Tradicional almoço de confraternização). Na estrada para Fajão a subir após a curva em vale profundo pela direita fica a Foz do Recadem, o Recadem, a Ribeira. No lado oposto da encosta Corga Cega.

Em 1937 os ceiroquinhenses decidiram construir uma escola em Ceiroquinho, com residência para os professores, a qual estava pronta a ser inaugurada em 1938. Para este importante melhoramento todos os ceiroquinhenses espalhados pelo mundo cerraram fileiras, numa união e num querer impressionantes que desorientou descrentes e convenceu incrédulos. O movimento foi tão forte que não houve dificuldades e critícas (e foram tantas!) que não se vencessem.A escola, com residência para a professora, foi depois doada pela povoação de Ceiroquinho à Camara Municipal de Pampilhosa da Serra e considerada nesse tempo a segunda melhor do concelho. Foi um grande triunfo para os ceiroquinhenses a construção da sua escola. Nela aprenderam a ler e escrever muitas gerações.

A escola custou algumas dezenas de contos e o Estado apenas deu 4 contos para a compra do mobiliário e a Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra 1.000$00. O resto foi produto de subscrição entre os ceiroquinhenses e dias de trabalho oferecidos graciosamente pelos habitantes de Ceiroquinho, enquanto o terreno onde foi construída foi oferecido por Américo Fernandes./...

Ceiroquinho

sexta-feira, 24 de julho de 2009

de JC ao Ceiroquinho 2008


uma descida violenta que termina num pequeno largo muito inclinado e pedregoso até chegar ao Cruzeiro, caminhando sobre uma parede de xisto meio escondida na vegetação, por entre pinheiros caídos dos incêndios e mato rasteiro."

Quando passo por estes horizontes sem fim, lembro-me sempre, dessa heroína - a tia Preciosa Pereira. Por esta estrada entre Vidual e Fajão naquele tempo ainda não estava alcatroada, passou por aqui, essa caminheira , a tia Preciosa Pereira, com a mala do correio à cabeça. Fez esta caminhada centenas de vezes, à torreira do Sol, à chuva, ao vento... Eram tempos difíceis. A tia Preciosa calcorreava a pé cerca de trinta quilómetros ida e volta, pela estrada erma da serra.Toda de preto vestida, pois ficou viúva muito nova e tinha sete filhos menores para criar, e nesse tempo não havia abono de família, nem subsídios. de sobrevivência nem reformas... Nada! Nada! Havia apenas a força dos seus braços para trabalhar, a destreza das suas pernas para andar e a sua coragem sem limites para lutar contra a adversidade. Havia, os seus filhos, havia a esperança de que a batalha tinha de ser ganha. Tinha de cultivar todos os motrecos para arranjar o sustento da família. Tinha de fazeresse difícil serviço de estafeta, do correio sempre incerto e mal pago para vestir, calçar ealimentar os seus filhos.Tinha sobre os seus ombros a responsabilidade da sua casa. Tinha uma pesada cruz como muitos fezes dizia. A tia Preciosa não pedia, não era mulher para isso. Também a quem podia ela recorrer? De assistência social nem se falava na serra naquele tempo da década de quarenta. Com algumas dificuldades, os filhos foram crescendo, os rapazes partiram para Lisboa para trabalhar e as raparigas mais velhas foram servir. Porque trabalhar em qualquer profissão não era desonra nenhuma, pelo contrário, é digno de qualquer pessoa trabalhar honradamente. A tia Preciosa era uma conversadora fantástica. Dava gosto ouvi-la falar. As suas palavras, as suas frases, as suas respostas, os seus conselhos, os seus ditos, as suas perguntas tinham sempre interesse e profundo significado. Nunca se esqueceu da sua terra do seu amado Ceiroquinho, apesar de viver no Vidual de Cima aldeia bastante próxima. A aldeia onde nascemos é sempre nossa, e não a podemos negar nem esquecer. A tia Preciosa não se esquecia das pessoas, dos montes, das lombas, das ribeiras, das fazendas, tudo estava vivo na sua memória e no seu coração. Quando passava pelas Penedas no alto da serra da Amarela com a mala do correio á cabeça olhava sempre para a sua aldeia lá no fundo da Lomba da Missa, e os seus olhos ficavam rasos de lágrimas. Era a sua mocidade que pairava ainda por esses horizontes, os seus pais, os seus irmãos, os seus vizinhos, mil recordações que lhe passavam pela sua alma tão sofrida. Recordações tão perto e já tão distantes... E lá continuava na sua tarefa até Fajão, sabendo que sobre a sua cabeça levava cartas para a gente da sua aldeia, e isso dava-lhe imenso gosto e prazer. Esta mulher simples, honrada e corajosa, em jornadas sucessivas, vencia distâncias pela serra descampada, cumprindo a sua obrigação de estafeta.Todos esses altos penedos cinzentos e silenciosos, viram passar a tia Preciosa centenas de vezes. Eles são testemunhas imortais do esforço e da coragem da tia Preciosa. A vida também me atirou para Lisboa. Passados alguns anos, um belo dia, encontrei a tia Preciosa em Lisboa onde veio passar uns dias a casa dos seus filhos já casados. Apesar de já estar bastante cansada devido a tantos trabalhos e canseiras que a vida lhe deu, mantinha a mesma postura, a mesma dignidade, a mesma alegria e boa disposição. Foi uma festa encontrá-la e conviver alguns momentos com a tia Preciosa. A sua alegria era contagiante. As suas risadas eram como estrelas candentes rasgando o Céu em noite escura... Com uma idade avançada a tia Preciosa foi para o Céu. Os sinos tocaram na igreja do Vidual e os sons repercutiram-se por encostas e valeiros por onde a tia Preciosa passou a sua vida trabalhosa e difícil. Partiu para a vida eterna, mas, no silêncio que é a morte uma nova estrela brilhou no firmamento!... A tia Preciosa era um livro aberto que nunca esquecerei, e nele irei sempre escrevendo palavras de um saudoso adeus e profundo respeito pela sua memória.

"Tia Preciosa Pereira" - António Jesus Fernandes

quinta-feira, 23 de julho de 2009

de JC ao Ceiroquinho - a Chegada

No Centro de Portugal, entre a Universidade de Coimbra e as Serras da Rocha, dos Batoucos e do Vidual, existem lugares espantosos, pequenas aldeias, casas de xisto, miradouros naturais, sítios lendários, relíquias até, a grandeza de um povo."
Carlos Gama no Cruzeiro, a olhar para Ceiroquinho, terra dos seus antepassados paternos.
No Cruzeiro o espaço é agora pouco para "tanta gente"!
O
V de Vitória, tanto quanto se pode deduzir.
Cândida Monteiro do Jornal Reconquista . "É uma descida violenta que termina num pequeno largo muito inclinado e pedregoso até chegar ao Cruzeiro, caminhando sobre uma parede de xisto meio escondida na vegetação, por entre pinheiros caídos dos incêndios e mato rasteiro."
O Aceiro terminou finalmente. 1550 mtr pela encosta xistosa e abrupta.
O
meu padrinho, o filho Luís Gama e João, a olharem para o Ceiroquinho, em cima da meta.a escassos metros de deixar o Aceiro e pisar as ruas de Ceiroquinho.
Carla Gama sorriso estampado no rosto a chegar ao Cruzeiro.
O sorriso de
Catarina a Black Woman a terminar também o percurso de JC ao Ceiroquinho.
Manuela e Miguel no Cruzeiro. O Aceiro tinha terminado.
No
Aceiro, o terrível Aceiro!
Foram 1.550 mtr de desnível nesse dia perfeito, em que tudo amadureceu. Foi duro sim senhor, muito duro, mas não foi em vão!
Aceiro. O terrível Aceiro!
Vista geral de baixo para cima onde se vê a Turbina 37
Ceiroquinho é já ali!
Luís Gama da Empresa GPS, João e Cândida Monteiro do Jornal RECONQUISTA Castelo Branco
O
Aceiro na sua fase final,
a
Capela de Ceiroquinho ao centro e na parte superior a CMCeiroquinho e o recinto da festa de Agosto (Tradicional almoço de confraternização)
Carlos Gama a descer o Aceiro em terras de xisto.
Catarina, o meu padrinho António Gama da Silva e Cândida Monteiro, o Aceiro na sua grandiosidade numa paisagem que empolga.
António Gama da Silva "comanda" agora o grupo em que a luz e as horas definem a textura e a cor do xisto.
Manuela Gama da
Casa de Janeiro Turismo em Espaço Rural, Casas de Campo-Janeiro de Cima/Fundão, a experimentar uma abordagem junto dos fetos!
Uma pausa do Miguel a observar e a compreender ao vivo as paisagens como entidades dinâmicas!
Os irmãos Manuela e Miguel, paralelos à Quinta Amarela (Fundeira e de Cima) e o Gestal.
Conhecer um pouco mais a Mãe-Natureza através do contacto directo, no meio de uma grande variedade de espécies...
O desnível do percurso no Aceiro é muito acentuado e existe muita pedra de xisto solta.
"A história da aviação começa com uma legenda. É bem forte ainda. Ela mostra um Homem a observar a natureza, a procurar, a inspirar-se para desenvolver as suas próprias capacidades e avançar cada vez mais. O mais curioso é que ele reteve desta aventura um imenso olhar e uma palavra sábia para todos nós à sua volta"Este Homem tão discreto e simples e sabedor chama-se António Gama da Silva, é o meu padrinho, em primeiro plano.
Atrás segue Catarina a black woman, Cândida Monteiro do Jornal Reconquista - depois
Carla Gama. Mais atrás Luís Gama e João da GPS

quarta-feira, 22 de julho de 2009

de JC ao Ceiroquinho 2008

No Centro de Portugal, entre a Universidade de Coimbra e as Serras da Rocha, dos Batoucos e do Vidual, existem lugares espantosos, pequenas aldeias, casas de xisto, miradouros naturais, sítios lendários, relíquias até, a grandeza de um povo... Ao ver determinada área, aspecto particular, olhar documentos, recortes, fotos e textos, o percurso histórico dos vários factos em causa, a relação comunidade / meio envolvente começa a tomar forma. Importa ressalvar as populações, as paisagens, o legado histórico. São locais de rara beleza, espaços humanos e físicos como ponto de equilíbrio, conhecer e ordenar o caminho para a sua divulgação.

O percurso de JC ao Ceiroquinho no Aceiro, o terrível Aceiro!
Foram 1.550 mtr de desnível nesse dia perfeito, em que tudo amadureceu. Foi duro sim senhor, muito duro, mas não foi em vão!

Gestal, Aveleiras e Vale.
Tranquelo, Piscina, Campo de Futebol , Brejeiras e Ceiroquinho, do Aceiro
O Aceiro na sua fase final, mas ainda de forte inclinação e vista parcial da casa e telhado da Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho.

História da Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho 1942-2000

Devido ao grande surto de emigração dos Ceiroquinhenses principalmente para Lisboa e outras cidades e estrangeiro , estes fundaram em Lisboa , em 5 de Julho de 1942 , uma Comissão de Melhoramento para unir os Ceiroquinhenses e promover alguns melhoramentos na sua aldeia .

Quinta Amarela de Cima e Quinta Amarela Fundeira, o Aceiro do lado esquerdo, lá para o fundo Ceiroquinho.

de JC ao Ceiroquinho 2008

O «Samarrica» do Vale Derradeiro

Conta-se que o primeiro homem que viveu em Vale Derradeiro residia numa casa humilde. Certo dia deslocou-se a uma feira da região e, abeirando-se de uma tenda, começou por observar a mercadoria e naturalmente perguntar preços. O tendeiro, por sua vez, vendo a forma de vestir do nosso homem, que apenas ostentava uma samarra como objecto de vestuário mais valioso, pergunta-lhe:

- O que é que o «samarrica» quer se não tem dinheiro para comprar?!…

Recebeu o tendeiro como resposta:

-Fique o senhor sabendo que o «samarrica» é do Vale Derradeiro e se estivesse na minha terra comprava tenda e tendeiro!

Acontece que naqueles tempos abundavam os salteadores e para azar do nosso personagem dois encontravam-se ali a ouvir a conversa e provavelmente tê-lo-ão seguido até casa. Uma vez lá, sob ameaça à família do «samarrica», filhas e mulher, obrigou-o a entregar algumas moedas em ouro que o mesmo tinha escondidas no «açafate».

Já tinham os malfeitores saido de casa e o «samarrica», na intenção de acalmar os seus, diz: - Calma mulher que ainda nos resta o do cepo!

Os larápios, que haviam desconfiado haver mais ouro naquela casa, ficaram à escuta junto a uma janela e assim acabaram de "depenar" o nosso «samarrica».

Honra a todos os que foram ou tenham de ser «samarricas».

Vale Covo e Turbinas 33 a 38 do Parque Eólico de Pampilhosa da Serra.
Ponte de Fajão. Da sua história pouco se sabe. Há muitos anos atrás ter-se-á chamado Vila Cova.
Penedos de Fajão. "Quem pode andar por entre estes penedos gozará dum espectáculo verdadeiramente estranho, belo e terá a ilusão não sabemos se do Inferno de Dante se de ossadas de gigantes de outro planeta que ali ficassem estáticos"
A descer o Covo 935 mtr
Manuela Gama da Casa de Janeiro Turismo em Espaço Rural, Casas de Campo-Janeiro de Cima/Fundão.
Cândida Monteiro do Jornal RECONQUISTA Castelo Branco
Catarina a Black Woman!
O percurso de JC ao Ceiroquinho numa parte do Parque Eólico de Pampilhosa da Serra.
Turbinas Eólicas 38, 37 e 36, logo a seguir ao Edifício de Comando.
Subestação.
Localização das Turbinas Eólicas.
Regras de segurança a cumprir em redor de um Parque Eólico.
Turbina 38
EN 342. A Subestação e o Edifício de Comando.

terça-feira, 21 de julho de 2009

de JC ao Ceiroquinho 2008

Porta Carvalha. Sábado 31 de Maio. Início do percurso a pé. Instantes de privilégio! Com certeza, como num jogo de espelhos, para lá...
Decerto, eu posso equivocar-me sobre o que julgo e o que vejo. O que vejo é o absoluto... Ainda no início. Lá para cima o Souto do Brejo, o Casal da Lapa e a envolvente rochosa da Barragem de Sta Luzia.
No vale em V a Central do Esteiro, recebe as águas da Barragem de Sta Luzia, transportadas dentro de uma enorme estrutura metálica cilíndrica montanha abaixo num declive assustador. Do lado direito o caminho percorrido serra acima em direcção ao Brejo e Casal.
Em primeiro plano - Catarina, Manuela Gama da Casa de Janeiro Turismo em Espaço Rural, Casas de Campo-Janeiro de Cima/Fundão e Cândida Monteiro do Jornal RECONQUISTA Castelo Branco, no excelente caminho de terra batida, ainda longe do Souto do Brejo. Lá mais para trás os Homens da GPS.
Do lado esquerdo Souto do Brejo. Do lado direito Casal da Lapa. Tudo parece perto mas ainda tão longe. Por isso se vê mais em instantes de privilégio, de certo modo.
A passar o paredão da Barragem de Sta Luzia.
O caminho a subir até junto da fonte, depois a parte final de forte inclinação antes de atingirmos a casa do guarda.
O grupo fotografado por Carlos Gama quase a atingir a casa do guarda, a 1000 mtr de altitude.
A serra dos Batoucos 1105 mtr do lado direito.
A subida vai terminar, já se avista a casa do guarda.
Vista parcial de duas Turbinas do Parque Eólico de Pampilhosa da Serra, na Serra da Rocha, "traseiras" da casa do guarda.
A casa do guarda.
De trás para a frente. Luís Gama da empresa GPS. No meio: João, sentado na escadaria, Cgama, Cândida e António Gama. Na primeira fila Miguel, Carla e Manuela Gama.

De JC ao Ceiroquinho engloba mais texto dos locais abaixo mencionados, que fizeram parte do Percurso de Janeiro de Cima ao Ceiroquinho efectuado no dia 31 de Maio de 2008, a ser publicado entre os dias 22 e 26 de Julho.

Covo, Vale Covo, Vale Derradeiro. Penedos de Fajão e Ponte de Fajão.

Parque Eólico.

Ceiroquinho. Quinta Amarela de Cima. Quinta Amarela Fundeira. Gestal, Aveleiras e Vale.

Aceiro. O terrível aceiro!

A chegada.

Ceiroquinho.

Fajão. Casas. N.ª Sr.ª da Guia. Restaurante Juiz de Fajão: almoço.
Visita ao Museu Monsenhor A. Nunes Pereira.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

de JC ao Ceiroquinho - 2010 Edition

Casa de Janeiro & Carlos Gama "Organizações Ceiroquinho - Clube Percursos" preparam a edição 2010 de JC ao Ceiroquinho (25 Km)

de Janeiro de Cima ao Ceiroquinho. Janeiro de Cima, lugar da Barca.
Sexta-feira 01 de Maio de 2009. Início do percurso (GR) na Barca de Janeiro.

Porta Carvalha. Sábado 31 de Maio de 2008. Início do percurso a pé. Instantes de privilégio! Com certeza, como num jogo de espelhos, para lá...

As casas de Ceiroquinho, a Foz do Recadem e o Recadem do lado direito entre duas vertentes.

Da sua aldeia Ceiroquinho escondida entre serranias partiram um dia os meus avós paternos: José Fernandes e Maria de Jesus para Janeiro de Cima (JC)

Em Janeiro de Cima o tio César e família instalaram-se na grande casa da Eira, numa suave colina donde se vê toda a povoação. Era um sítio e privilegiado. Ali ao lado, a capela da Senhora do Livramento cuja grandiosa romaria é sempre no terceiro Domingo de Agosto. Lá mais no alto no cabeço arredondado existe outra ermida, a de S.Sebastião. (...)À noite, depois de um dia de trabalho árduo, a reza era ponto de honra. Todos mesmo cheios de sono rezavam e davam graças ao Senhor. Ali mesmo ao lado a Senhora do Livramento escutava todas as noites atentamente o que aqueles filhos lhe pediam em fervorosas orações, e não deixava certamente de lhe dar a sua bênção protectora.(...) O tio César, bastante cedo foi chamado para o reino dos justos, com grande pesar e consternação de toda a numerosa família. Agora quem ia tomar o leme embarcação era o seu genro José Fernandes pai de oito filhos, homem também trabalhador, de fino trato, inteligente, culto, estudioso e de larga visão das coisas e situações. José Fernandes, devido à sua honestidade e bondade soube conquistar amigos e integrar-se perfeitamente nos problemas da freguesia e nas suas instituições, chegou mesmo a ser durante vários anos presidente da Junta da Freguesia e também alguns anos mordomo das festas religiosas que se celebravam na freguesia. A sua esposa, Maria de Jesus, foi uma verdadeira santa, uma luz que brilhou sempre na Eira. Nenhum pobre, e eram muitos que ali iam pedir esmola, ficam sem uma dádiva, uma palavra de conforto, um sorriso, uma esperança... Maria de Jesus, foi também a personificação de uma verdadeira esposa e mãe. Conservou sempre uma postura terna, amável e acolhedora até ao fim da vida, e nunca esqueceu as virtudes que levou da sua aldeia de Ceiroquinho escondida entre serranias.(...)
Contos - António Jesus Fernandes